
A Irlanda é cheia de
lendas sobre a banshee, criatura lacrimosa cujas visitas anunciam
mortes. Seu nome, em Celta, é bansidhe - fada - embora muitos digam
seja um espírito, ora bondosos ora malévolos. Essas aparições estão ligadas
por lendas centenárias às grandes casas da Irlanda, cujos infortúnios ficam
registrados nos gritos lamuriantes ou nas risadas demoníacas do espírito.
Existem vários relatos corroborando essas Lendas, mas
talvez o mais impressionante ocorreu no século XVII na Irlanda, na residência
dos O'Brien. Certa noite, Lady Ann Honora O'Brien foi acordada por numa noite
por uma voz suave. Olhou pela janela e viu uma mulher que parecia flutuar bem
em frente à vidraça. O corpo do fantasma se perdia na bruma, mas seu rosto,
delineado pela Lua, estava claro - pálida, de olhos verdes, linda e uma farta
cabeleira ruiva. A aparição gemeu três vezes, suspirou e sumiu.
Aquela imagem fascinou e amedrontou a jovem Ann, mas
pensando que fosse apenas um sonho, dormiu novamente. Na manhã seguinte, Lady
Ann encontrou sua família em prantos... seu irmão mais jovem havia morrido
durante a noite. Sem saber o que fazer, a jovem contou aos pais sobre a visão
que tivera na noite anterior. Aquilo não alertou ninguém, pois os mais velhos
sabiam que sempre que um O'Brien morria, uma jovem ruiva que morrera no
castelo e fora enterrada no jardim - logo abaixo da janela de Lady Ann - aparecia
para um membro da família e chorava pelo parente morto.
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Lenda
As
Banshee provêm da família das fadas, e é a forma mais obscura delas.
Quando alguém avistava uma Banshee sabia logo que seu fim estava
próximo: os dias restantes de sua vida podiam ser contados pelos gritos
da Banshee: cada grito era um dia de vida e, se apenas um grito fosse
ouvido, naquela mesma noite estaria morto. Tradicionalmente, quando
uma pessoa de uma aldeia irlandesa morria, uma mulher era designada para
chorar no funeral. Nós usamos a palavra carpideira. Mas, as banshees só
podiam lamentar para as cinco maiores famílias irlandesas: os O'Neills,
os O'Briens, os O'Connors, os O'Gradys e os Kavanaghs no caso, uma fada
era responsável por cada família. Seria o choro da mulher fada. Essas
mulheres fadas apareceriam sempre após a morte para chorar no funeral.
Conta a lenda que quando um membro de uma dessas famílias morria longe
de sua terra, o som da banshee gemendo seria o primeiro aviso da morte. Também
se diz que essas mulheres, chamadas de fadas, seriam fantasmas, talvez o
espírito de uma mulher assassinada ou uma mulher que morreu ao nascer.
Na Irlanda se acredita que aqueles que possuem o dom da música e do
canto, são protegidos pelos espíritos; um, o Espírito da Vida, que é
profecia, cujas pessoas são chamadas “fey” e têm o dom da Visão; o
outro, o Espírito da Maldição que revela os segredos da má sorte e da
morte, e para essa trágica mensageira o nome é Banshee.

Aparência
Sejam
quais forem suas origens, as banshees aparecem principalmente sob um
dos três disfarces: uma jovem, uma senhora ou uma pessoa esfarrapada.
Isso representa o aspecto tríplice da deusa Celta da guerra e da morte,
chamada Badhbh, Macha and Mor-Rioghain. Ela normalmente usa uma capa com
capuz cinza, ou uma roupa esvoaçante ou uma mortalha. Ela também pode
surgir como uma lavadeira, e é vista lavando roupas sujas de sangue
daqueles que irão morrer. Nesse disfarce ela é conhecida como bean-nighe
(a lavadeira). Segundo a mitologia celta, também pode aparecer em forma
de uma jovem e bela mulher, ou mesmo de uma velha repugnante. Qualquer
que seja a forma, porém, sua face é sempre muito pálida como a morte, e
seus cabelos por vezes são negros como a noite ou ruivos como o sol. O
gemido da Banshee é um som especialmente triste que parece o som
melancólico do uivo do vento e tem o tom da voz humana além de ser
audível a grande distância. Embora nem sempre seja vista, seu gemido é
ouvido, usualmente a noite quando alguém está prestes a morrer. Em 1437,
se aproximou do rei James I da Escócia, uma vidente ou banshee que
profetizou o assassinato do rei por instigação do Conde de Atholl. Esse é
um exemplo de banshee em forma humana. Existem muitos registos de
diversas banshees humanas ou profetizas que atendiam às grandes casas da
Irlanda e às cortes dos reis locais. Em algumas partes de Leinster, se
referem a elas como bean chaointe (carpideira) cujo lamento podia ser
tão agudo que quebrava os vidros. É bom lembrar que a banshee
pertence exclusivamente à raça Celta. Ela jamais será ouvida a anunciar a
morte de qualquer membro de outras raças que compõem a população
irlandesa.

A banshee também pode aparecer de várias outras formas,
como um corvo, uma espécie de ratazana, lebre ou doninha – animais
associados, na Irlanda à bruxaria.
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