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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Dragão




A Magia Dragonica: O Dragão em varias culturas


Seres alados com forma draco-ofidiana são encontrados em culturas presentes na Antiguidade, do Oriente ao Ocidente, e muitas dessas manifestações persistem vivas até os dias de hoje, sejam através de mitos, símbolos, cultos tradicionais e até mesmo cultos reconstrucionistas, como é o caso do Paganismo Contemporâneo e suas muitas vertentes.

O objetivo desse texto é introduzir brevemente o conhecimento sobre a presença desses seres tão especiais nas culturas apresentadas a seguir:

Suméria

Localizada na região da Mesopotâmia, historicamente um dos berços da civilização. Buscamos como fonte de culto draconiano a religião suméria e babilônica primitivas (pré-patriarcais), mais especificamente na Deusa Tiamat.

Tiamat é descrita no Enûma Eliš (O Mito de Criação Babilônico) como uma Grande Serpente Marinha, porém contendo cauda, coxas, cabeça, olhos astutos, pescoço e todas as demais características que nos levam a concluir que essa deusa era de fato representada como um Dragão. Segundo o mito, Tiamat deu origem a tudo aquilo que existe, sendo mãe, avó e bisavó de todos os seres e deuses do mundo. Um dos títulos de Tiamat é a "Grande Serpente de Fogo", o que faz clara alusão à sua natureza primordial e criadora.

Posteriormente, com o advento do patriarcado, o culto a Tiamat foi sendo gradativamente substituído pelo culto a deuses masculinos, a maioria reconhecidos como seus descendentes mitológicos, mais notadamente Marduk, que em um período tardio é retratado matando e esquartejando sua própria ancestral Tiamat, para então ele dar origem ao mundo se utilizando de partes do corpo d'Ela - algo bastante característico da ascensão dos mitos patriarcais sobre os matrifocais.

China


Sem dúvidas, uma das culturas de que temos mais notícias documentadas e traços da adoração do culto aos Dragões presentes até hoje, é a cultura chinesa.

Não podemos dizer com precisão como e onde nasceu exatamente a presença dos seres draconianos na China, mas acredita-se que estes surgiram em diferentes locais ao mesmo tempo, atráves do culto de diversas tribos aos seus totens protetores, que na maioria das vezes eram Dragões.

Na Mitologia Chinesa, o Dragão foi um dos quatro animais convocados pelo deus Pan Ku, para auxiliá-lo na Criação do mundo. Outros mitos, possivelmente anteriores aos de Pan Ku, contam que a Criação do mundo se deu pelas mãos da deusa Nu Kua, Senhora da Ordem, que é muitas vezes representada como uma Dragonesa e em outras como uma Velha Senhora.

O Dragão Chinês, diferentemente do Dragão conhecido pela cultura ocidental, é muito mais semelhante a uma Serpente e muitas vezes também é retratado sem asas. É um símbolo de proteção e rege o controle das águas que dão vida à agricultura na China.

O Dragão enquanto símbolo é utilizado até os dias de hoje pelos chineses, seja como protetor, ícone religioso ou motivo decorativo. Algo importante de se mencionar, é que historicamente, o Dragão era o símbolo do Imperador da China, e muitos chineses se identificam como "descendentes do Dragão", fazendo uma referência à sua natureza étnica.

No Horóscopo Chinês, o Dragão também se faz presente como um de seus "signos", sendo todos os anos regidos por ele os mais apropriados para se ter bebês, isto é, trazer à tona, mais uma vez, a Criação.

Índia, Pérsia e Egipto


Na Índia existem largas referências sobre o culto às Serpentes e a ligação de divindades com elas. Entretanto, a presença de Dragões não é muito clara, mas podemos afirmar que ela esteve relacionada com o culto aos crocodilos que foi muito presente na região. Em determinadas regiões da Índia, o Dragão é hoje visto como símbolo do "Mal", algo que pode ter sido deturpado através dos tempos com a ascensão dos cultos patriarcais no Hinduísmo, após a passagem das tribos indo europeias.

Os Dragões Persas provavelmente descendem das lendas draconianas mesopotâmicas do período sumério e babilônico, assim como do antiguissimo culto à Tiamat. Na antiga Pérsia, o Dragão era visto como um ser guardião de grandes tesouros. Por outro lado, os mitos da região citam um Dragão chamado Azi Dahaka, que causava terror nos homens por eventualmente destruir suas fazendas, roubar seu gado e incendiar florestas. Alguns historiadores dizem que essa pode ser uma visão deturpada da figura do Dragão, e que na verdade, a figura de Azi Dahaka nada mais era que uma alusão alegórica ao próprio Império Babilônico que por séculos oprimiu a Pérsia durante a Antiguidade Clássica.

Os egípcios relacionavam a imagem do Dragão com a passagem do Tempo e a noção de equilíbrio entre o "bem" e o "mal". Assim como em outras culturas, sua imagem estava na maioria das vezes relacionada com a das Serpentes, que foram largamente cultuadas em todos os períodos e regiões do Antigo Egito. Um dos Dragões mais icônicos da Mitologia Egípcia que podemos citar é Apep, uma espécie de serpente-dragão que vivia no Submundo e todos os dias era morta pelo deus Rá, para renascer novamente, relembrando a ideia de tempo cíclico e equilíbrio.

Na segunda parte desse artigo veremos a presença dos Dragões nas culturas nativas das Américas, nas mitologias européias e seu significado também na mitologia judaico-cristã.


Magia Draconiana: Os Dragões nas Diferentes Culturas da Humanidade - Parte 


Antes de tudo, gostaria de agradecer as dezenas de leitores que têm acessado e compartilhado com os amigos a coluna Magia Draconiana. É um imenso prazer estar escrevendo sobre um assunto tão rico e tão profundo, que há milênios desperta o senso de culto e a cultura dos mitos da humanidade!


Na primeira parte do artigo que leva esse mesmo título, discursamos sobre a presença dos dragões na Suméria e na Babilônia, falamos largamente sobre sua importância na cultura chinesa, e pudemos pincelar brevemente também a respeito deles na cultura Indiana, mitologias Persa e Egípcia.

Agora, na segunda e última parte sobre os Dragões nas diferentes culturas da humanidade, veremos sua presença em algumas das mitologias nativas das Américas e da Europa, assim como se desenvolveu seu significado dentro da mítica cristã.



Astecas, Toltecas e Maias



Assim como vimos em mitos de culturas asiáticas, muitas vezes, seres draconianos (ou draconídeos) surgem descritos não em sua forma clássica plena e conhecida na cultura ocidental, mas em forma de serpentes com atributos não característicos a elas. Esse é o caso de Quetzalcoatl, a divindade mesoamericana cujas evidências de culto  foram encontradas entre os maias, os toltecas, olmecas e especialmente entre os astecas.

Conhecida entre os maias como Kukulkán, o nome Quetzalcoatl advém da língua naútle (também conhecida como asteca), onde "quetzal" é o vocábulo utilizado nesse idioma para identificar uma ave específica bastante emplumada presente na selva mesoamericana - e "coatl", que significia literalmente serpente. Nesse caso, a tradução óbvia para o nome do deus Quetzalcoatl é "Serpente Emplumada", e era como de fato essa divindade tão importante desses panteões mesoamericanos era representada.

Quetzalcoatl é o deus que personifica as energias telúricas primordiais que crescem, emanam e se elevam da própria Terra. Daí seu próprio nome, Serpente Emplumada; suas atribuições estavam e ainda estão diretamente ligadas a toda energia que impulsiona a expansão e o crescimento da vida vegetal, sendo responsável pela providência dos alimentos. Nesse sentido, não há separação entre significado de culto voltado mais ao "espiritual" ou ao "material", pois a própria fluência energética de Quetzalcoatl na Terra é a profundidade espiritual necessária e reconhecida nos cultos erigidos pelos povos que originalmente o celebraram.

Mais especificamente entre os astecas, Quetzalcoatl estava em seu apogeu de culto quando da chegada dos espanhóis em terras americanas. Naquela época, Quetzalcoatl já era identificado com o planeta Vênus, tanto na forma de Estrela da Manhã quanto na de Estrela da Noite, onde passou também a representar as forças da Vida e da Morte, da Luz e da Escuridão, algo bastante clássico e característico a divindades de natureza draconiana.


Apaches e Povos Nativos Norte-Americanos



Não é muito documentada a presença de dragões nessas culturas. O  mito mais conhecido é encontrado na cultura Apache, possivelmente oriundo já de um período tardio que retrata uma lenda do primeiro chefe da tribo lutando contra um dragão, utilizando somente arco e flechas. Na lenda, o dragão também é retratado como possuidor de arco e flechas feitos por enormes árvores de pinheiro. O mito encerra contando que o dragão fora morto pelo chefe apache, o que nos leva a entender que para essa cultura, em específico, esse ser draconiano representava alguma força ou circunstância prejudicial à tribo.



Cultura Tupi-Guarani e Folclore Brasileiro



É difícil falar especificamente da presença de dragões entre as milhares de culturas do ramo Tupi-Guarani. Sabemos sim da presença mítica da Serpente, como Senhora da Noite, muitas vezes relacionada com a Lua, mas geralmente muito associada à energia telúrica.

Já no folclore brasileiro, encontramos a curiosa figura do Boitatá, do Sul ao Norte do Brasil. Boitatá é sempre descrito com uma Grande Serpente de Fogo, protetora das matas, florestas e pântanos. É dito que, ao aproximar-se do Boitatá com más intenções, ele cospe fogo mortal sobre esse ser, em especial aquele que atentar contra seus domínios, que estão sob sua absoluta proteção. Aqui, podemos ver com mais clareza a figura do dragão como Guardião da Terra e da Natureza.



Europa


É largo o espaço de tempo no qual encontramos a presença de dragões nas mitologias de tempo, assim como são largas as diferenças e atribuições que encontramos para elas nas mais diferentes culturas.

Na velha Europa pré-patriarcal, anterior às invasões arianas, a serpente era um dos símbolos máximos de culto à Deusa Mãe nas culturas anatólicas, cretenses, região da Península Itálica, assim como em terras e ilhas banhadas pelo Mediterrâneo.

Com as sucessivas invasões indo-europeias que deram origem aos povos germânicos, nórdicos, gregos, romanos, celtas e outros, os mais diversos mitos surgiram a partir da integração dos antigos conceitos presentes na região com os novos trazidos por esses povos arianos. Muitas vezes, a figura da Serpente tornou-se maléfica mesmo antes da presença do Cristianismo, como nos mitos nórdicos que retratam a história de Siegfried, que é tido como herói por matar o dragão Fafnir em algumas versões, tomando a força do último para si.

Mas na própria mitologia nórdica os dragões surgem inúmeras vezes, nem sempre representando as mesmas forças. Nidhogg, por exemplo era o dragão que vivia "sob as cinzas do mundo", o que nos remete ao simbolismo mais tradicional mítico draconiano. Em geral, para os povos nórdicos, os dragões habitavam cavernas e águas profundas, sendo regentes e guardiões dos mesmos. Não era incomum tribos nórdicas adotarem dragões como totens, inclusive, esculpindo suas imagens em seus navios para os protegerem dos inimigos e das catástrofes naturais. Aqui, não podemos nos esquecer de Jormungand, a grande serpente marinha que amendontrava os Vikings por exercer domínio sobre os mares. Ter sua imagem em seus barcos era uma forma de se associarem ao dragão e garantirem viagens mais tranquilas.

Entre os gregos, podemos mencionar Píton, a grande serpente responsável pelo antigo Oráculo de Delphos, que muitas vezes é descrito como um dragão. As sacerdotisas responsáveis pelo Oráculo foram conhecidas como pitonisas, fazendo clara menção à intrínseca relação delas com essa força primordial. Os mitos posteriores descrevem o deus Apolo dominando a grande Píton e a mantendo sob o Oráculo de Delfos, onde então o deus estabeleceu seu domínio, porém ainda assim, com as forças da Grande Serpente.
As lendas celtas estão recheadas pela presença de dragões dos mais diferentes tipos. Falar sobre elas aqui, exigiria muito espaço e é recomendado e estimulado ao leitor buscar ler sobre os mitos de Cúchulainn e Sláine, assim como suas aventuras envolvendo dragões. Entretanto, é importante termos em mente que grande parte do simbolismo do dragão que prevaleceu em lugares como a Irlanda, as Ilhas Britânicas e parte da Península Ibérica é descendente direta da forte presença mágica e mítica desses seres em seu período pré-cristão.

Não era incomum a presença do dragão em brasões de clãs célticos, assim como nos estandartes de guerra dessas tribos. Isso evoluiu, se estendendo para a Idade Média, convivendo inclusive com o advento do Cristianismo. A bandeira do País de Gales (Reino Unido) herdeiro da cultura celta galesa é, até hoje, um fundo verde e branco com um enorme dragão vermelho sobre ele, lembrando a identidade céltica viva nessa porção das Ilhas.



O Advento do Cristianismo e a Figura do Dragão



A serpente, desde o Velho Testamento foi associada com a personificação absoluta do Mal e do próprio Demônio Judaico-Cristão. No Velho e no Novo Testamento, são claras as alusões a seres ofidianos e bestiais (algumas vezes com características draconianas) que representam ameaça e que devem ser derrotados pelo deus de Israel e seu povo.

Na Idade Média, essas figuras tomaram uma proporção desigual quando foram associadas aos mitos de culturas pré-cristãs. Rapidamente, serpentes e dragões que antes eram considerados forças benéficas, passaram a ser identificados pela Igreja como sendo o próprio Diabo, o Pecado, o Mal em toda sua amplitude.
Férteis foram as lendas e estórias sobre dragões durante toda a Idade Média e o predomínio da religião Católica na Europa. Era inquestionável o fato de que dragões eram reais - aqui, fisicamente falando e abundaram os heróis cristãos matando, dizimando e aniquilando dragões "ameaçadores" e "destruidores" de castelos, feudos e comunidades. A população européia da Idade Média realmente acreditava na existência de dragões como demônios encarnados na Terra.

E não é difícil entender como isso aconteceu, quando analisamos brevemente o mito de São Jorge. Nascido na Capadócia (atual Turquia,  antiga Anatólia, um dos berços da Civilização Matrifocal) no ano de 275, a Igreja o toma como uma figura histórica, santificada pela sua atuação como um dos primeiros nobres guerreiros cristãos que resistiu às crenças pagãs até a morte. Diz-se que São Jorge teria matado um dragão durante sua vida, como é retratado tradicionalmente em imagens e estandartes.

Rapidamente a veneração de São Jorge se expandiu pelo mundo cristão, levando lugares como a Inglaterra, Portugal e Catalunha a adotarem-no como padroeiro - o que é vigente até os dias de hoje. A análise aqui é simples, apesar de profunda: a imagem de São Jorge matando o Dragão, nada mais é que o retrato do Cristianismo triunfando e pisoteando sobre as Antigas Fés.

Nos próximos artigos, aprofundaremos os significados e a simbologia dos dragões, levando em consideração que já pudemos entender boa parte de sua presença e evolução de seus mitos durante os mais diferentes períodos da humanidade.



Magia Draconiana: Partindo em Busca dos Dragões




Por conta de inúmeros afazeres pessoais como estudos, seminários, trabalho, construção de novos projetos e os cuidados que mantenho diariamente com minha congregação de Bruxaria, o Grove Serpente de Fogo e sua célula-mãe, o Coven Serpente de Ouro (manutenção diária de altares, do Templo, treinamento sacerdotal, reuniões semanais, rituais etc.), assim como as atividades públicas mensais que promovemos, fui obrigado a fazer algumas escolhas. Afinal, a vida é feita delas e se não formos capazes de fazê-las corretamente, não conseguiremos nos dedicar inteiramente a um projeto que merece toda nossa atenção.






VAMOS PARTIR EM BUSCA DOS DRAGÕES?


Você realmente quer conhecer esses seres, se aprofundar em seu significado? Se sua vontade for legítima e não for passível de interesses puramente especulativos ou manipuladores, com certeza você conseguirá! Afinal, como já vimos, a Natureza Draconiana está diretamente ligada ao espírito da retidão de caráter, concretude do ser, proteção da Natureza e daquilo mais que necessita, assim como respeito por tudo aquilo que se conhece – e principalmente, por aquilo que se desconhece.

Os Dragões, naturalmente, não são nossos amigos, nem nossos inimigos. Poderão vir a ser, de acordo com nossas atitudes e o tipo de contacto que viermos a travar com eles. E estão enganados aqueles que pensam que só constataremos Dragões através de ritos magistrais e ocultos: o encontraremos todo o tempo, seja na cultura, na literatura, também na magia e pasmem: muitas vezes convivendo conosco em nosso dia a dia, sem que nós percebamos.





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